sábado, 9 de novembro de 2013

Morfema

Ah quem me dera voltar
Para os braços de Morfeu
Na terra em que vivíamos
Vivíamos do que colhíamos
Ele a mim amava
E quem o amava era eu
Os mantos que  me cobria
Eram mantos de alforria
A língua a qual falava
Era a canção que me ninava
E quando eu dormia
Enquanto eu sonhava
Era só nele em que pensava
Mesmo o vendo todo dia
Na  terra da morfina
Viver de pura dopamina
Bebendo dos seus lábios
Um néctar do próprio deus
Ah noite escura
Chuvosa e fria
Minha eterna companhia
Que será dele e eu?
Se chovesse como eu chovo
Até os dias que são longos
Passariam por penúria
Se chovesse como eu chovo
Digo certo, com desgosto
Seria uma eterna lamúria
Ah noite fria
Que chora e dorme
Porque também não durmo eu?
Que será dele sem mim?
Que será de meu Morfeu?
Ah nostalgia eterna
Querer voltar pr'aquela terra
E dormir nos braços seus
E essa noite que me é eterna
Essa panterína fera
Indomável, insopitável
Quer roubar os sonhos meus
Embala-me com seus encantos
Oh Morfeu eu vos rogo em pranto
Daí-me um pouco do seu ópio
Adormece o choro meu.

Yuri Mushrock